O que significa Transprojetação?

A Transprojetação é uma metodologia fundamentada nas obras de Edgar Morin e Michel Thiollent.
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E GESTÃO PARA A SUSTENTABILIDADE com a Soft Systems Methodology e a Pesquisa-ação.



sábado, 27 de julho de 2013

3ª Enquete CiiS: reforma universitária e sustentabilidade

EnqueteQuem acompanha a temática da sustentabilidade sabe que o tema da reforma do ensino superior é uma pauta constante e, mais cedo ou mais tarde, vamos precisar encarar esta realidade para poder termos profissionais mais alinhados com as temáticas.
No entanto, não existe um debate muito aberto sobre este tema. Na França, o filósofo Michel Serres, acredita que deve haver um programa comum para todas as disciplinas, ou seja uma grande narrativa comum de todas a ciências, e nas humanas, um mosaico de conhecimento, criando assim uma unidade de saberes. A nossa terceira enquete aborda exatamente esta questão. Veja a abaixo:
Como introduzir conceitos de sustentabilidade nas grades curriculares do ensino superior?
  • Introduzir disciplina(s) sobre sustentabilidade em cada área de conhecimento (57%, 4 Votes)
  • Fazer uma profunda reforma em todos as áreas de conhecimento para buscar a maior transdiciplinaridade possível (57%, 4 Votes)
  • Reformar os currículos de cada área de conhecimento para introduzir conceitos de sustentabilidade nas ementas de todas a disciplinas (43%, 3 Votes)
  • Introduzir um ano de estudo comum sobre ciências naturais, ciências humanas, ciências políticas em todas as áreas de conhecimento (43%, 3 Votes)
  • Não é preciso mexer nos currículos de graduação, pois a oferta de cursos de extensão e pós-graducação suprem esta necessidade (0%, 0 Votes)
  • Não é preciso mexer nos currículos de graduação, pois o mercado oferece esta especialização nas empresas (0%, 0 Votes)

sexta-feira, 26 de julho de 2013

PRÓLOGO - CAMINHOS MARXIANOS - CONTINUAÇÃO

 "Estes textos, continua Morin, tem início na época de Arguments, quando o fato de adotar ou rejeitar o rótulo de marxista me parecia secundário. Entretanto, não houve então ruptura relativamente à época anterior em que me reconhecia marxista. Com efeito, meu marxismo era singularmente aberto, como testemunha L'Homme et la mort, escrito em 1948-50. Eu aí integrava a contribuição de diversas ciências humanas, o pensamento de Freud, Rank, Ferenczi, Jung, e alimentava-me de Heidegger e Sartre. Meu marxismo era caracterizado justamente por este traço integrador que visava apreender a multidimensionalidade do problema humano da morte; buscava uma "totalidade" que não fosse aditiva. Foi durante a caminhada de Arguments, que liguei minha inspiração à "totalidade" com a consciência adorniana, complementar e contraditória, de que a totalidade é a não-verdade.
Meu marxismo era de fato o de hegeliano-marxista no sentido de que ele não rompia com a filosofia (diferentemente de Naville e depois Althusser), mas não permanecia somente na filosofia. Sou fiel, mais que nunca, a esta concepção e toda a minha obra tenta ilustrá-la e desenvolvê-la.
Entretanto, cada vez mais fui percebendo que, doravante, Marx tornava-se para mim uma estrela, de primeira grandeza certamente, mas em meio a outras, numa rica constelação de pensadores tanto passados quanto contemporâneos.
"Ultrapassei" Marx integrando-o e não desintegrando,ainda que esta integração necessitasse de um certo deslocamento da estrutura de conjunto que assegurasse a coerência do sistema. "Completei" Marx onde julguei que havia carência e insuficiência, mas indo além de um neo ou pós-marxismo: precisava elaborar aquilo que, a partir de 1980, pude chamar de pensamento complexo. A "ultrapassagem" do marxismo continua a ser uma das vias para chegar ao pensamento complexo." (Os grifos são nossos) Edgar Morim (2002)

Observem que sem o conhecimento das obras de Marx e Edgar Morin, hoje, não há como se resolver os problemas do mundo. O que mais ouvimos dos políticos e gestores públicos e privados é a questão da situação atual, em que os mesmos se defrontam com a tal da alta complexidade. Na verdade, tudo foi "reduzido" à alta complexidade, como se fosse sinônimo de: "não temos como resolver isso", e por assim dizer: fica por isso mesmo...
O olhar desses gestores precisa se colorir com esse aprendizado, não há o que temer, ele existe para ser compreendido e não rechaçado, este aprendizado está aqui para ser utilizado. Desde 1980 que Morin tem se debruçado nessa questão - já se vão 33 anos e não existem aplicadores desses conceitos no nosso cotidiano psico-socio-cultural-ambiental.
Os problemas transbordam e não cessam, se acumulam sem se cumular, viram curvas para a direita e para a esquerda incessantemente, mas na verdade, não saem do mesmo lugar. Como eu sempre tenho dito é um círculo vicioso de mesma dimensão, que precisarão de diversos saltos quânticos, para trocarmos este círculo vicioso por círculos virtuosos, mesmo que estejamos no mesmo eixo de aprendizado, mas sem perdermos a direção de onde queremos chegar... Até aqui avançamos? Por que não?
Creio que quando atingirmos a evolução pretendida por Deus, não haverá morte, mas sim plenitude e descanso, pois a mudança se dará em nós mesmos, continuamente, sem que precisemos nascer e renascer coercitivamente e desesperadamente.


quinta-feira, 25 de julho de 2013

Nação brasileira quer um estado que seja presente e atuante por Saturnino Braga

 

CONJUNTURA

19/07/2013 - 23:01:09
 

Desde o último dia 17 de junho, o ex-senador Roberto Saturnino Braga é o novo presidente do Centro Internacional Celso Furtado, instituição inspirada no grande pensador brasileiro para a questão do desenvolvimento. Saturnino destaca que o Brasil vive momento ímpar, inclusive pelas manifestações de rua, estando em condições de chegar ao bicentenário, em 2022, como grande interlocutor dos Brics (grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para uma nova ordem mundial.
Para ele o Estado deve liderar o investimento, mas ressalva que atualmente o grande desafio dos chamados “desenvolvimentistas”, que priorizam a distribuição de renda, é também contemplar, no âmbito desta prioridade, a questão da inflação, sob pena de perder apoio da sociedade. "Os desenvolvimentistas do passado, na sua querela com os monetaristas, costumavam dar pouca importância à inflação. Ou seja, a inflação não era encarada com a mesma prioridade do investimento”, comenta.
Por que Celso Furtado não foi contemplado com um Prêmio Nobel?
Celso foi nosso grande pensador desenvolvimentista. Figura extraordinária que não ganhou o Premio Nobel por um preconceito contra o Brasil que ainda existe, apesar de que após a eleição de Lula esta imagem de que não seria um país sério, começou a mudar. O Brasil conseguiu um certo êxito no desenvolvimento econômico, no contexto da América Latina, e recentemente vive o êxito político da democracia. Historicamente, isto é muito incomum. Celso foi dos primeiros pensadores a valorizar a dimensão cultural do desenvolvimento. Ultimamente, ele estava também recuperando a dimensão política desse desenvolvimento, enquanto processo que resulta das exigências da sociedade, e não do mercado.
Qual sua expectativa com relação ao Centro Celso Furtado no futuro próximo?
A vocação do Centro é continuar pesquisando e debatendo, formulando, discutindo sobre o desenvolvimento na sua nova visão, que incorpora o social, o cultural e também o político. Por coincidên-cia, o Brasil está vivendo momento em que o político está clamando nas ruas. Já aconteceram outros clamores no passado, mas voltados para eleições diretas, derrubada de governantes corruptos. Agora as manifestações exigem audiência do povo, não é por acaso que não têm objetivos claros. Apenas “queremos democracia na qual sejamos ouvidos”. Nossos representantes perderam represen-tatividade, o que aliás é um fenômeno mundial, pois a democracia representativa carece de aperfeiçoamento.
No Brasil de hoje o povo quer serviços públicos padrão Fifa e não estádios. Temos um caminho para um novo desenvolvimento, que está a pedir formulações, estudos, racionalizações. Esta é a meu ver a missão do Centro. Estou muito entusiasmado.
Como superar o neoliberalismo, que tem sido hegemônico nas últimas décadas?
O Brasil rejeitou o neoliberalismo em 2002. A eleição de Lula tem claramente esse clamor pelo resgate do papel do Estado, que é uma representação política, ao contrário do mercado. A retomada da presença do Estado significa que a nação brasileira quer um desenvolvimento e um processo político no qual o Estado esteja atuante, direta e indiretamente ordenando as prioridades da economia.

Muitos criticam os governos do PT por terem, de certa forma, frustrado essas expectativas...
Sim, mas estou há 50 anos na vida pública e aprendi que política é negociação. É preciso ter atenção na viabilidade política das propostas. Lula percebeu isso e logo avisou que não veio fazer revolu-ção, mas um novo arranjo político. A esquerda cobra mais, porém Lula chamou Henrique Meirelles para presidir o Banco Central como garantia para fazer programas de distribuição, retomada do planejamento. Fez essa negociação implícita e avançou onde pensou que poderia avançar. Poderia talvez ter ido mais adiante, mas certamente se lembrou de João Goulart e Salvador Allende. Já Dilma tem pouco gosto pela política. É competente e séria, mas tem uma linha mais tecnocrática.
Nas cinco medidas propostas por Dilma após as manifestações, logo a primeira aponta para a manutenção do arrocho fiscal e das metas de inflação. Isto combinado com a liberalização financeira não nos deixa sem autonomia para formular políticas?
Sim. Está faltando essa dimensão política de negociar para continuar avançando no sentido de ter o controle nacional, do Estado e da sociedade, no processo econômico.
E como isto é possível sem gastar, sem administrar o câmbio?
O período grande de câmbio supervalorizado corroeu muito a competitividade industrial brasileira. Depois veio a reação contrária, subida rápida do dólar, que fará bem à indústria, mas no curto prazo prejudica o lado social, que também é fundamental. O projeto político de Lula e Dilma prioriza fortemente a questão social. Então há que haver atenção redobrada sobre a inflação para não eliminar o impacto positivo da distribuição de renda. Dilma está vivendo esse: não admitir que a inflação possa corroer os ganhos sociais e, por outro lado, manter um mínimo de capacidade de investimento do Estado, que é muito baixa.
Há exagero na aposta do governo no consumo?
Esse erro vem desde o final do governo Lula: apostar demais no consumo e dar pouca importância ao investimento, que é crucial. O Brasil tem uma história, um comportamento empresarial muito ligado à cultura do comando do Estado. Se este não investe, o empresariado não vai atrás. Então, o Estado não pode reprimir o investimento. Precisa ousar um pouco mais para chamar o empresariado a investir. Este balanço entre o investimento do Estado e a contenção da inflação resultante da alta do dólar é o dilema vivido por Dilma. 
Os países que comandam a economia mundial estão presos ao conservadorismo. Qual o grau de liberdade atualmente para novas formulações desenvolvimentistas?
Dos Brics deve surgir o novo rumo para a economia e a política mundiais. A China tem muito a dizer, mas é um mistério para nós. A Rússia também tem muito a dizer, por ser uma potência, mas ainda guarda muita ligação histórica com a Guerra Fria. A Índia é outra potência cultural e histórica, mas ainda tem uma enorme bolsa de miséria. A África do Sul terá muito a falar em nome do continente africano, que ficou à margem da história, mas sob o ponto de vista de cultura e tecnologia está muito aquém. Então, nos Brics, creio que o país que pode falar mais é o Brasil, por sua história relativamente vitoriosa de desenvolvimento e que encontrou o caminho democrático. Ainda mais agora, com o povo na rua. 
Existe dilema entre aproximação comercial com o Mercosul e a busca de mercados mais desenvolvidos para nossas exportações?
É um falso dilema. Os mercados tradicionais hoje não têm nada a oferecer de animador. O regional ainda tem. Desenvolver esse potencial me parece muito mais propício, sem desprezar o tradicio-nal. Mas outro mercado que está surgindo é a África, que está num momento de ascensão. O Brasil está cuidando disso e tem identidade cultural e histórica com os africanos. 
Infelizmente a América Latina perdeu o México, para quem só resta reivindicar anexação aos EUA, já que perdeu a autonomia. Mas o resto da América Latina tem essa situação especial: ficou sempre na periferia, mas uma periferia que costuma suceder o poder central. Os gregos foram periferia dos persas, os romanos foram periferia dos gregos. Neste momento a América Latina está ganhando dimensão, não digo para ser hegemonia, mas para ter capacidade de apontar novos rumos para o mundo.
Rogério Lessa
 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

PRÓLOGO - CAMINHOS MARXIANOS - Em busca dos fundamentos perdidos (Edgar Morin, 2002)

Dando continuidade a este livro fantástico de Edgar Morin, que reúne uma sequencia de cinco textos, onde os três primeiros apareceram pela primeira vez na revista Arguments, entre 1957 e 1962; o quarto, em Les Cahiers du Centre d'Étdes Socialistes, no final de 1963; o último, em Le Monde, nos anos 80. Morin destaca que se acha distanciado deles, mas neles se reencontra, e continua o autor:
"Distanciei-me deles, principalmente, porque careciam de certos conceitos que, desde os anos 70, tornaram-se para mim indispensáveis: o de dialógica substituindo a dialética, o de circuito recursivo, o de princípio hologramático e, enfim, o conceito de complexidade.
Todavia, neles me reencontro, nada tendo a renegar ou rejeitar, senão algumas vezes, e tão-somente corrigir a expressão ou complementar."
1. dialógica substituindo a dialética, o
2. circuito recursivo, o
3. princípio hologramático e, enfim, o conceito de complexidade.
Para aqueles que estão iniciando nos estudos da Teoria da Complexidade, são conceitos que percorrerão toda a obra de Edgar Morin, entre muito outros conceitos, que são hoje fundamentais para o entendimento do mundo atual.
Nesta obra em especial, Morin tece com toda a sua teoria e vivência naquela época, o entendimento e a diferença entre Marx e os marxistas...

domingo, 21 de julho de 2013

EM BUSCA DOS FUNDAMENTOS PERDIDOS - EDGAR MORIN





"Os marxistas são o que acreditam ser? Não há uma ideologia marxista que se teria formado como uma espécie de crosta sobre uma realidade que ela quer mascarar? Em outras palavras, creio que existem em Marx, no método de Marx, todas as possibilidades para colocar questões verdadeiramente decisivas aos diferentes marxismos que se enrijeceram. Neste sentido, considero que há um recurso necessário: recurso ao método, retorno ao espírito de Marx como ataque crítico ao sistema marxista."
Edgar Morin (2002) - Em busca dos fundamentos perdidos: textos sobre o marxismo.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O problema da saúde e a teoria da complexidade

 Hoje de manhã ouvindo a rádio CBN, como sempre faço, prestei bastante atenção em uma reportagem sobre os planos de saúde. Problema recorrente, com as mesmas situações conhecidas daqueles que utilizam o SUS.
De um lado um governo que tenta impor a todo o custo, a qualidade dos serviços desses planos de saúde, e de outro, o total descompromisso desses planos de saúde com a realidade atual.
Mas, quais são as causas dos problemas que estamos enfrentando hoje?
1. Aumento da população, sem se quer ser observado pelos gestores dos planos de saúde, pois estes deveriam minimamente, realizar planejamentos estratégicos, para de alguma forma prever o que poderá acontecer em um futuro próximo, ou não muito próximo - OBRIGAÇÃO PRIMEIRA;
2. Lucro a qualquer preço, pagando pouco aos seus médicos, sem investimento em infraestrutura de pessoal, treinamento, tecnologia de informação etc;
3. Por outro lado o Governo e suas Agências, tentando fazendo a sua parte, criando normas de proteção quanto ao tempo para marcação de consulta, tempo do médico com cada paciente etc; mas lentíssimos na hora de fiscalizar e cobrar as multas que devem ser cobradas, rapidamente e sem demora, ocasionando desmoralização no sistema e mantendo os seus consumidores (clientes) sem proteção imediata;
4. Escolas de Medicina fraquíssimas, fazendo com que um médico não consiga aprender fisiologia, disciplina fundamental, e por isso, exigindo do paciente uma infinidade de exames tecnológicos, muitas vezes desnecessários, entupindo as agendas dos laboratórios;
Enfim, somente essas quatro causas já seriam suficientes para que algum "ser especial" as entendessem e formulassem soluções para estas causas, sem demora.
Mas há o hábito viciado de apontar sempre as suas consequências sem se quer, se preocuparem com a aplicação dos elementos necessários para a regulação desse sistema complexo, que deve ser tratado com responsabilidade e visão de mundo sustentável: melhorar a educação; exigir respeito as regras ou punição, com fiscalização constante; abolir jeitinhos e "amizades de interesse"/corrupção, são alguns caminhos que devem ser considerados.