O que significa Transprojetação?

A Transprojetação é uma metodologia fundamentada nas obras de Edgar Morin e Michel Thiollent.
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E GESTÃO PARA A SUSTENTABILIDADE com a Soft Systems Methodology e a Pesquisa-ação.



quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Mais Chuva Menos Mata = Tragédia

(+) chuva (-) mata = Equação foi fatal para a tragédia na Serra Fluminense, dizem especialistas

26/01/2011 - 13:34 - Terra da Gente, com info do Greenpeace/ Ag. Brasil

Que choveu além do que poderia na região serrana do Rio de Janeiro, na já maior tragédia ambiental do Brasil, não há como negar. Mas a explicação também está nos números.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), nos últimos 60 anos, vem aumentando gradativamente a intensidade das águas que despencam do céu no Brasil. Tanto que chuvas acima de 50 mm por dia, na década de 50, era coisa rara. Hoje tempestades assim ocorrem entre duas a cinco vezes por ano (isso só na cidade de São Paulo).
Mas é preciso pontuar. O que ocorreu em Nova Friburgo foi sem precedentes. No dia de maior temporal foram 182,8 mm de chuvas. Isso equivale a dizer que para cada metro quadrado da cidade, quase 183 litros de água caíram do céu. Em Teresópolis, os números também falam por si: 124,6 mm de chuva.
Soma-se a isso, há outro agravante: a destruição da Mata Atlântica, quase sempre ocupada irregularmente, em áreas de encostas instáveis e terreno fofo. Só no Estado do Rio de Janeiro, mais de 80% das matas deste bioma já foram desmatadas.
Para a escritora e ambientalista Anne Raquel Sampaio, que mora no Parque do Imbuí, um dos bairros mais afetados pela catástrofe em Teresópolis, a tragédia ocorrida por lá nada mais é que resultado do processo de ocupação da Mata Atlântica. “Nós não estamos aqui simplesmente sobre o solo de Teresópolis, e sim sobre o solo da Mata Atlântica, um bioma que precisa ser mais respeitado”, salientou.
Segundo dados do INPE e da ONG SOS Mata Atlântica, ela tem razão. Na última década, o ritmo de desmatamento do bioma se manteve o mesmo: em torno de 34 mil hectares/ ano (ou o equivalente a quase 350 mil campos de futebol de mata nativa). Ao todo a Mata Atlântica perdeu 93% de sua cobertura florestal (e o Cerrado segue o mesmo caminho: já foi devastado pela metade).
“Eventos extremos, que tendem a aumentar por conta das mudanças climáticas, têm sido cada vez mais freqüentes e intensos. Se há dúvidas sobre como lidar com o problema, existe ao menos a certeza de que a solução não é a derrubada de mais floresta”, diz Nicole Figueiredo, coordenadora da Campanha de Clima do Greenpeace.
Anne Raquel Sampaio, que se mudou há 25 anos para a cidade serrana fugindo da violência urbana do Rio e em busca de um pouco mais de paz e de contato com o verde, segue num discurso semelhante.
“Você não pode construir uma mansão sobre uma encosta que é linda, e dizer que aquilo ali é ecológico só porque algumas árvores foram preservadas”.
Na verdade, ainda de acordo com Anne, aquela área não deveria ser ocupada, nem por mansão nem por ninguém. “As pessoas que constroem essas casas sonham com um mundo melhor para elas, mas não param para analisar que esse mundo melhor precisa, antes de tudo, que a gente respeite a natureza”, reforça.
Anne conta que há 25 anos, em Teresópolis, “o clima era mais frio, e a cidade tinha menos favelas e menos gente”, lembra. Mas esse cenário mudou muito. “Como a maior parte das cidades brasileiras, Teresópolis foi construída às margens de um rio, o Paquequer, hoje um grande esgoto atravessando a cidade. Esse rio às vezes fede, mas a população faz de conta que esse fedor não existe.”
Atualmente, segundo o Greenpeace, o Brasil tem mais de 40 milhões de hectares de Áreas de Preservação Permanente ocupadas irregularmente, uma área equivalente ao Estado de Minas Gerais. Muitas destas regiões desmatadas estão em municípios em calamidade pública, caso de Petrópolis e Teresópolis, que já perderam 70% de sua cobertura florestal.
E segundo a ambientalista Anne, a tragédia atual mostra que o risco da ocupação irregular é igual para pobres e ricos. E chama a atenção para o fato de que a propaganda imobiliária desses condomínios de alto padrão não corresponde à realidade.
“A água precisa caminhar, chegar ao mar. Se agente constrói em cima do caminho da água, ela vai achar esse caminho de uma forma ou de outra”. Para ela, a solução não pode ser apenas técnica: “A questão ambiental só vai ser resolvida quando a gente olhar tudo isso com o coração, pensar em como impedir que as crianças morram, porque usamos recursos públicos para tudo, menos para cuidar da natureza.”



Nenhum comentário: